O primeiro longa-metragem do documentarista Lawrence Wahba, “Todas as Manhãs do Mundo”, entra em cartaz nos cinemas.
O filme é resultado de 4 anos de expedições pelo mundo ou 44 semanas de gravações. 400 horas de materiais gravados em lugares como Brasil, Noruega, México, Canadá, Indonésia e Zâmbia.
Com tanto material coletado, não é difícil imaginar o trabalho que foi editar essas imagens. E criar um roteiro que desse coerência e mantivesse o interesse das platéias nos cinemas.
Esse foi o desafio de Lawrence Wahba, que optou por criar um público direcionado ao público infanto-juvenil. Mas acima de tudo, com tamanha força e beleza das imagens captadas, o filme consegue atingir outros públicos.
Uma viagem com Lawrence Wahba por Todas as Manhãs do Mundo
Com 25 anos de trajetória, Lawrence Wahba lança longa-metragem com participações de Aílton Graça e Letícia Sabatella
Para criar uma “narrativa” que costurasse as cenas que Wahba gravou durante essas semanas de gravações em diferentes continentes, o documentarista procurou auxílio de um roteirista.
O roteiro ficou a cargo de Rubens Rewald (do filme “Super Nada”, 2012), professor da ECA – Escola de Comunicação e Artes da USP.
O Sol e a Água nas vozes de Aílton Graça e Letícia Sabatella
A missão de Rewald, em conjunto com o próprio Wahba, foi criar diálogos entre o Sol e a Água (no filme personificados pelos atores Aílton Graça e Letícia Sabatella). Esses que são dois elementos mais importantes da natureza, permeiam o roteiro comentando as imagens captadas.
A narração acabou ficando muito didática e pouco criativa, especialmente nos momentos em que critica as interferências do homem e importância da preservação da natureza. Por ser um discurso muito repetido, é preciso buscar soluções originais para que conseguir “ganhar” as crianças.
Mas o roteiro também tem seus momentos divertidos, especialmente nos embates entre o Sol e a Água. A Água, por exemplo, critica o Sol por ser tão impiedoso no deserto da Baja Califórnia (um lugar em que a Água está ausente). O Sol, por sua vez, retruca sobre os desafios que a Água cria para os salmões no Canadá, que são obrigados a nadar contra o fluxo dos rios.
Wahba se anima quando comenta o trabalho de seus intérpretes: “Aílton e Letícia foram muito além da simples narração. Eles se entregaram de forma generosa e apaixonada ao projeto. Como grandes artistas que são, fizeram um trabalho de criação para incorporar personagens abstratos, como o Sol e a Água, imprimindo mais emoção à narrativa.”
Do deserto da Baja Califórnia para os alagados do Pantanal
Acima do roteiro, as imagens possuem muita contundência. A belezas das imagens submarinas na Indonésia, captadas pelo próprio Lawrence Wahba, são de tirar o fôlego.
E as trajetórias incríveis de animais como o salmão no Canadá, ou as onças no Pantanal brasileiro, são alguns dos grandes destaques da produção.
A escolha dos lugares mostrados, acaba também tendo ótima relação com o fato do Sol e da Água serem os narradores dessas imagens.
Mostrar como o Sol e a Água comentam a aridez a vida de animais no deserto da Baja Califórnia, no México, é bastante curioso. Ou logo na sequência, mostrar que a Água, aparentemente tranquila e generosa, pode também dificultar a vida de alguns animais, como os salmões no Canadá ou as onças durante os períodos mais alagados do Pantanal.
A fotografia ficou a cargo de Wahba e de outros 16 cinegrafistas do Brasil, França, Holanda e Argentina. Além da sensibilidade da captação, foi necessária muita tecnologia, com equipamentos como drones, câmeras de alta definição sensíveis a pouca luz, lentes teleobjetivas de 800mm, estabilizadores de imagem, microcâmeras, lentes macro, gruas, sliders, entre outros.
“Todas as Manhãs do Mundo” é resultado de uma parceria com a Fox Film do Brasil, a produtora Canal Azul e a produtora Bonne Pioche, vencedora de Oscar com o documentário “A Marcha dos Pinguins” (2006). A distribuição é da 20th Century Fox.
Ficha Técnica
Direção: Lawrence Wahba
Co-direção: Tatiana Lohmann
Produção: Ricardo Aidar
Roteiro: Rubens Rewald, Rodolfo Moreno e Lawrence Wahba
Elenco: Leticia Sabatella e Ailton Graça
Montagem: Tatiana Lohmann
O melhor: É inegável o esforço e a qualidade do material capturado por Lawrence Wahba, com imagens impactantes.
O pior: A narração é irregular e o ritmo um pouco lento pode deixar as crianças impacientes.
País: Brasil
Ano: 2016
Avaliação: ★★★
Fonte: Assessoria de Comunicação
Créditos das Imagens: Divulgação