Assim que nosso carro se aproximou de uma ponte elevada sobre a baía de Santa Anna, ficamos impressionados com o visual de Willemstad, a capital da ilha de Curaçao.
Para nós, já impressionou a altura que estávamos. A Ponte Rainha Juliana é uma das mais altas do mundo, com 56 metros acima da baía. Apesar da ponte ter quatro faixas, bate uma aflição de subir tão alto com o carro e ainda por cima contemplar todo o visual de Willemstad abaixo de você.
Pois foi essa a primeira impressão que tivemos de um lugar incrível e das cores que, lá do alto, a gente já avistou. Não restou a menor dúvida que Willemstad prometia um belo roteiro, e não era desmerecido o título de Patrimônio Mundial da Humanidade, dado pela UNESCO.
A seguir, vamos conferir nosso roteiro pela cidade, que pode ser dividida em duas regiões principais: Punda e Otrobanda, separadas pelas águas da baía de Santa Anna e conectadas por uma curiosa ponte flutuante, a Ponte Rainha Emma.
O que fazer em Willemstad Curaçao: Um roteiro na capital da ilha
Confira as regiões de Punda e Otrobanda e saiba quais são os pontos de interesse no centro histórico de Curaçao
“Todo grande destino tem sua atração principal. A nossa é Willemstad. Ela é o centro de tudo o que somos e de tudo o que planejamos ser. Nenhuma visita a Curaçao está completa sem que se reserve tempo para explorar uma das cidades mais ricas do mundo em cultura e diversidade”.
É assim que o turismo de Curaçao apresenta sua capital, dando mais ênfase a cidade do que às praias. Como você já conferiu no nosso comparativo entre Aruba e Curaçao, Willemstad é um dos diferenciais da ilha em relação a sua “concorrente”. Um destino rico em seu patrimônio arquitetônico e cultural.
São mais de 765 construções preservadas, com todas as suas cores. O crescimento aliado à preservação trouxe a Curaçao o título de Patrimônio Mundial da Humanidade da UNESCO. O reconhecimento aconteceu em 1997.
Onde começar a visita pelo centro histórico
Nós tínhamos uma reunião marcada com o Gerente de Marketing do CTB – Curaçao Tourist Board. Eles queriam conhecer os blogueiros de viagem que estavam visitando a ilha. A reunião representaria uma pequena “perda” do tempo que teríamos para circular por Willemstad. No final das contas, acabamos ganhando mesmo foi tempo, com as informações valiosas sobre Curaçao que recebemos nessa conversa.
O CTB pode ser interessante também caso você queira pegar algum mapa ou buscar informações atualizadas sobre eventos na cidade.
Do hotel onde estávamos hospedados, o Floris Suite Hotel Curaçao, em menos de 15 minutos de carro nós chegamos na Rua Pietermaai 19, onde se encontra o CTB. O escritório funciona das 7h30 às 17h, com intervalo de almoço das 12h às 13h30. Você também pode pedir informações através do e-mail [email protected] ou do site em português.
Achamos tranquilo estacionar por ali, com ruas bem tranquilas.
Uma outra alternativa é ir até o Renaissance Shopping, onde há estacionamento coberto e grátis, com 570 vagas. Fica em Otrobanda, mas o centro histórico é bem compacto e dá para conhecer todo caminhando.
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Uma mistura de arquitetura holandesa e influência do Caribe
Aquelas cores e a arquitetura que nos impressionaram do alto da Ponte Rainha Juliana são, na verdade, uma mistura de influências. Como colônia holandesa, a influência mais característica nas construções é mesmo da Holanda. Os prédios coloniais do século 17 e 18 são um espelho do que também se encontra em Amsterdã.
Entre as influências holandesas, podemos destacar a traçado das ruas, alternando vias largas e outras bem mais estreitas, as praças e as casas com telhados com frontão. Parece que você está vendo aquelas casinhas de blocos de criança. Tanto que as lembrancinhas de Curaçao podem ser facilmente confundidas com brinquedos.
As cores vieram depois, diferentes dos tons mais sóbrios de Amsterdam. Em Curaçao, são vibrantes, variadas, como outros destinos caribenhos. As pinturas coloridas também tinham uma aplicação prática.
As fachadas de branco poderiam ofuscar o olhar dos navegantes, portanto eram proibidas a partir de 1817. Foram substituídas pelo vermelho, azul, amarelo e variantes de verde.
1 – Scharloo e Pietermaai
Scharloo é uma área histórica próxima de Punta, repleta de mansões lindas e restauradas. O passeio é rápido, você pode dar uma circulada pela rua Scharlooweb, onde se encontram as mansões. Por ali você já vai entender a beleza do casario de Willemstad.
Estacionamos o carro perto de Waigaat, uma pequena marina que a ilha pretende alavancar como ponto de interesse turístico.
De lá, fomos caminhando até a Rua Pietermaai. Menores mas não menos coloridas do que as mansões de Scharloo, a região de Pietermaai foi uma das áreas mais charmosas que encontramos em Willemstad.
Conhecido como o SoHo de Curaçao, a região nasceu como um bairro residencial mas aos poucos começou a atrair lojas e estúdios de arte. Daí para o distrito ganhar o público e a atmosfera de uma das regiões mais interessantes de Curaçao, foi um pulo.
Pietermaai também passou por uma fase difícil dominada por drogados e quando boa parte dos seus moradores abandonou as casas em busca de regiões mais seguras. De uns tempos para cá, muito do charme e do patrimônio foi restaurado através de diversos bares, cafés e restaurantes e da própria presença do Curaçao Tourist Board, que ajudou na revitalização do bairro.
Entre os destaques de uma das áreas de Curaçao com maior concentração de restaurantes estão o Kome, o Fishalicious, o Cafe Old Dutch Curaçao, o Miles Jazz Cafe e o Deja Vu.
2 – Plasa Bieu (Marsche Bieuw)
Apesar da quantidade de lugares charmosos para comer em Pietermaai, um dos lugares mais imperdíveis é o mercado Plasa Bieu. É a oportunidade que você tem para comer como um local, uma autêntica comida de Curaçao.
Com pratos grandes e bons preços, o local atrai mais os residentes, já que não é um lugar muito bonito. Pelo contrário, bem simples mas deliciosamente típico. Foi o lugar que o Gerente de Marketing Muryad de Bruin, do Curacao Tourist Board, escolheu para almoçar depois da reunião.
Por lá conversamos bastante sobre vários aspectos da história, da cultura e do turismo de Curaçao. Aliás, durante o fim de semana de nossa passagem pela ilha, estava rolando o Curaçao North Sea Jazz Festival, um dos eventos mais importantes do calendário caribenho.
Mas voltando à comida, apesar do ambiente um pouco descuidado, os pratos estavam maravilhosos. Boa parte deles vem acompanhada de banana (que eu sou fã) e o forte são os peixes como o Mahimahi. Mas o cardápio varia diariamente, então é sempre consultar as opções do dia. Os preços variam de NAF 15,50 a NAF 17,00 (menos de USD 10,00).
Antes de prosseguir no caminho, dê uma olhada no curioso Mercado Flutuante. Os barcos chegam com frutas e verduras de países como a Venezuela e os produtos são expostos e vendidos nos próprios barcos ou barracas a ele anexadas. Sinceramente, não achei o lugar de muito interesse, pelo contrário, até um pouco sujo e desorganizado, vale só pela curiosidade.
O mercado fica na Sha Caprileskade, bem pertinho do Plasa Bieu e de Handelskade.
3 – Punda
Punda é a área mais antiga do centro histórico de Curaçao. Nasceu em 1634, justamente quando a ilha foi conquistada pelos holandeses. Por ali, no leste da Baía de Santa Anna, os comerciantes começaram a construir suas lojas e casas. E por ali também, foi construído um forte, o Forte Amsterdam.
Na realidade é meio difícil distinguir onde termina Pietermaai e onde começa Punda, mas aos poucos você nota uma área mais residencial e tranquila perder lugar para um centro típico, com muito comércio, restaurantes, lojas e movimento.
Quando você chega na praça Koningin Wilhelmina, já tem um pouco desse choque. A praça é enorme e bem movimentada. É nela que se encontra um letreiro gigante escrito Dushi (um pouco mais atrás, que significa Querido em papiamento) e outro escrito Curaçao. Parada para fotos.
Handelskade
A seguir, caminhe pela Breedestraat e você chega na Ponte Flutuante e na sequência de prédios coloridos às margens da baía, na rua Handelskade. Eles são melhor vistos a partir da ponte ou de Otrobanda, mas por aqui vale ficar de olho no prédio da Penha, que é uma loja de perfumes.
É uma das construções que mais se destacam no cenário, tanto pela beleza da arquitetura (de 1708, como já indica em sua fachada), como pelo intenso amarelo de suas paredes.
Na foto abaixo, você consegue ter uma boa visão de tudo o que falamos até agora.
Na área mais próxima está Punta (“ponta”, em papiamento) e, do outro lado da baía, Otrobanda. Cruzando a baía, é possível ver duas pontes. A ponte mais baixa é a ponte flutuante Rainha Emma e ao fundo, a Ponte Rainha Juliana, que cruzamos de carro.
Às quintas-feiras, rola música ao vivo no bairro entre outras atividades como happy hour nos bares e lojas abertas até mais tarde. É o projeto Punda Loves You, que procura atrair mais pessoas e agitar as noites de quintas em Punda.
4 – Ponte Flutuante Rainha Emma
De dia, predominam na paisagem as construções e a beleza das águas. De noite, a ponte flutuante ganha luzes coloridas, como que querendo atrair atenção também para si, e traz ainda mais beleza e vivacidade à paisagem de Willemstad.
Tivemos a sorte de admirar um pôr do sol incrível rolando da ponte. E também depois sentamos em um dos restaurantes da Handelskade, de frente para a baía (note que é o inverso de comer no mercado antigo: preços mais caros e comida nada típica). Sentados e conversando, de repente eu vejo a ponte se mover e levo um susto.
Não que eu não soubesse que ela era flutuante, mas ver a ponte de fato se movimentando, é um espetáculo incrível. A ponte abre caminho para as embarcações, que podem afinal entrar na Baía de Santa Anna.
A ponte foi construída em 1888 e sustentada com 16 barcos com flutuadores.
5 – Otrobanda e Forte Rif
Otrobanda começou a se desenvolver a partir de 1707. Nos séculos 18 a 19, a região começou a ser ocupada por negros livres da escravidão e posteriormente, se transformou num centro cultural para os negros de Curaçao.
Por isso, uma visita ao museu Kura Hulanda é um programa interessante. Trata-se de um museu antropológico que observa a cultura local mas também possui um olhar histórico sobre o comércio de escravos de outros tempos.
Ao contrário de seu vizinho, o Fort Amsterdam, o Forte Rif é mais “novo”, foi construído em 1828. Transformado em um shopping ao ar livre, possui um ambiente agradável e várias lojas de grife. Aparentemente, não é o lugar para economizar, justamente que é por lá que desembarcam o pessoal dos cruzeiros (a demanda aumenta os preços). Mas achamos essa outra banda de Willemstad bem bonita e organizada.
Para terminar um dos dias que estivemos por lá, contemplamos um pôr do sol incrível.
É certo que há muito o que fazer no centro histórico de Willemstad, por isso reserve pelo menos 1 período inteiro de seu dia para esse roteiro. Nós fomos 2 vezes: no primeiro dia à noite e na segunda oportunidade, das 10h até às 15h. Por sorte, ainda deu para pegar uma praia após nosso roteiro pelo centro histórico, mas isso é assunto para outro post.
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Fontes:
Site em Português do Curaçao Tourist Board
UNESCO: Historic Area of Willemstad, Inner City and Harbour
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4 Comentários
Muito boa as dicas, ja venho acompanhando seu blog antes e desde que chegamos em Curaçao. Passamos pelo Curaçao Sea Aquarium pela manha hoje e depois de almoçar na região da Pietermaai, mercados, ponte flutuante, Forte Rif e retornamos por Punda. Boa caminhada. Duas informações atualizadas, o Plasa Bieu (Marsche Bieuw) está em reforma e os comércios dali estão no mercado redondo, e sobre o mercado flutuante quem quiser ver acredito ser melhor passar ainda de manha pois la pela tarde já desmontaram tudo, só os barcos com bandeiras da Venezuela e outras localidades. Muito obrigado.
Que legal Carlos, muito obrigado pelas informações e por ter reservado um tempinho para comentar. Abraço grande!
Visitei Aruba e achei que faltou um pouco mais de história e cultura para vivenciar. Mas com as descrições e fotos de Curaçao acho que preciso voltar ao Caribe para conhecer esta Willemstad, a capital da ilha de Curaçao.
Willemstad é muito linda e cultural, a gente também nem conseguiu curtir tanto como gostaríamos, mas é sempre bom ficar com esse gostinho de quero mais. Abração.